domingo, 22 de novembro de 2015

O Eu Divino

"Pergunta: Amado Prem Baba, quando finalmente vou me encontrar com Deus?

Prem Baba: Ou agora ou nunca. A única chance que você tem de encontrar com Deus é agora. Todas as demais possibilidades são imaginação. E essa
imaginação em si mesma é o impedimento para a experiência da unidade.
A iluminação começa quando a imaginação cessa; quando você para de sonhar.
O sonhar é o impedimento para esse encontro.

A sua pergunta traz um “não” para essa experiência. O “não” está contido no “quando”, porque ele direciona a sua mente para o futuro e ativa a sua
imaginação; ativa o seu sonhar com a experiência da unidade. E essa experiência é justamente o contrário do sonhar. Esse encontro somente é possível quando você para completamente de sonhar.

Você pode sonhar com coisas materiais, com dinheiro, com poder, com fama, mas não com a experiência da unidade, porque ela não pertence ao tempo
psicológico. Deus está aqui e agora; em todo o lugar. Mas, você não pode percebê-Lo, porque a sua mente está trabalhando – sonhando, imaginando e
pensando: “Onde está Deus?”; “O que mais preciso fazer para encontrar Deus?” Esse fazer é o seu impedimento; ele é o resultado do “não” que está
contido no “quando”.

Existe uma ansiedade, uma avidez, um desespero, uma busca frenética para
escapar do sofrimento. Isso faz com que a sua mente trabalhe continuamente. Você produz um sonho contínuo; uma contínua imaginação. Às vezes, no seu
sonho, você encontra Deus e às vezes você fracassa.

E assim, sucessivamente, você continua a sonhar.
Esse desejo é o seu impedimento.
Você não encontra Deus, Deus é que te encontra. Para isso você deve abandonar o sonhar. Esse encontro somente é possível no silêncio. E o silêncio é um florescimento da presença.
Da presença nasce o silêncio e a calma; e nessa calma você ouve a canção
de Deus – a experiência da unidade acontece.

Abandone a ansiedade e o desejo, simplesmente esteja aqui e agora, presente em cada ato, total em cada ação. É somente assim que você pode ser preenchido pelo Espírito Santo. Em outras palavras, o seu
coração se abre e você ama a todos desinteressadamente.
O amor é uma expressão dessa consciência.


A sua pergunta implica que Deus está em algum lugar que não aqui. Muitos carregam a crença de que esse encontro ocorrerá um dia, quem sabe até mesmo fora desse corpo. Isso é um sonho. Essa experiência da unidade só pode ocorrer aqui. Há que se ter um sistema nervoso para experiência-la. Você pode ir e vir milhares de vezes, até que, em algum momento, você possa abandonar o pensar compulsivo e acordar o principal sentido do ser humano, que é a observação – o testemunhar.
Esse é um sentido que, devido à falta de uso, encontra-se atrofiado. Eu tenho trabalhado firmemente, com o propósito de despertar esse sentido. Eu faço isso através do autoconhecimento.
A auto investigação tem o propósito de acordar o observador. Esse é o instrumento necessário para a experiência da verdade: a observação desapegada, ou seja, observar o que se passa sem julgar ou classificar, sem pensar sobre.

Assim como o céu observa as nuvens. As nuvens às vezes são claras, às vezes são escuras, mas sempre passam, e o céu está sempre observando as nuvens passarem, não importa de onde elas vêm e para onde elas vão. Você é o céu.
Portanto, esse sentido da auto-observação estará completamente acordado, na medida em que você puder estar identificado com ele.

Durante a jornada evolutiva, a entidade humana, inevitavelmente, acaba
dedicando muito tempo para a purificação, ou seja, para limpar o lixo da mente; para se livrar de crenças e condicionamentos; para se libertar de
imagens e concepções equivocadas que sabotam a felicidade. E, conforme você vai realizando esse trabalho de remoção das lentes que distorcem a
percepção da realidade, essas lentes que te fazem projetar a imaginação no outro, você vai se sentindo maior.

Conforme você vai progredindo nesse trabalho que chamamos de desenvolvimento pessoal, você sente um crescimento, porque vai se apropriando de partes suas que estavam relegadas ao plano da sombra. Essa fase é absolutamente necessária, e faz parte da condição evolutiva, mas acaba criando-se também esse condicionamento de querer cada vez mais. Mas, chega um estágio em que não é mais assim que acontece.

Você vai experienciar essa expansão e essa apropriação das partes que estavam relegadas ao plano da sombra, até atingir um estágio de contentamento e inteireza que alguns até chamam de autorrealização, porque a vida se equilibrou em todos os sentidos – embora você ainda não tenha completado a jornada, porque não encontrou com Deus.

Porque para entrar nessa nova fase, precisamos focar na questão da identidade: com quem você se identifica? Com qual parte sua você está
identificado? Você é a nuvem ou o céu? Você é o seu corpo? Você é a sua história? Ou você é a testemunha que a tudo observa?

Esse estágio não tem nada a ver com o desenvolvimento pessoal, nem com a cura da criança ferida. Mas, tem a ver com se identificar com o seu Eu divino, que se manifesta mais objetivamente no aspecto do observador. O observador não é o Eu divino em toda a sua glória, mas é um aspecto dele, com o qual você pode se identificar com total confiança. Ele identifica as nuvens que são manifestações do ‘eu’ inferior e se identifica com o Eu divino.

Essa observação desapegada é o início do despertar – isso você pode fazer. Então, o que você pode fazer? Abandonar o fazer e simplesmente estar aqui e agora, consciente do que é. É assim que a percepção vai sendo ampliada, conforme você pode mover-se nessa presença – quando você pode estar total na ação e consciente em tudo que está fazendo: quando você está andando; quando está se alimentando; quando está se cuidando, se relacionando… Eu estou falando de sintonizar a sua mente no momento presente.
Isso é yoga e também é tantra. Aqui, a meditação e o amor se encontram.

Todas as práticas espirituais que eu tenho sugerido, têm o propósito de te ajudar a parar de sonhar. Elas têm o propósito de te ajudar a realizar a
observação, e de te levar a esse encontro com Deus.

Eu tenho dito que, quando você pode observar o que é transitório sem se identificar, você terá encontrado a saída do labirinto da mente.

Esse é o trabalho espiritual que eu proponho. Por mais importante e crucial que seja o trabalho de cura, e o trabalho de desenvolvimento pessoal (que é
o trabalho de reconverter a energia distorcida que te leva a sabotar a felicidade através das repetições negativas), esse trabalho de libertação
do ciclo vicioso com o sadomasoquismo, que é a conexão da energia vital com o sofrimento, ainda não é a parte mais importante do trabalho. A parte mais
importante, somente começa, quando você progride nesse trabalho de cura.

Essa parte mais importante é a lembrança de si mesmo, que começa com o trabalho de cura, através do trabalho de auto investigação.
Mas, nos estágios mais elevados, o foco é somente estar presente e eliminar toda a imaginação. É assim que você se torna um canal puro.

Deus está escondido no coração do homem, por isso eu começo com a auto investigação, ensinando você a olhar para dentro e remover as camadas que encobrem o Divino, até que, em algum momento, Ele se revela e canta a sua canção de paz e silêncio.

Uma vez eu ouvi uma música, que dizia que o amanhã é uma rua que desemboca na praça do nunca. Quando? Nunca. (risos) Quando eu vou me encontrar com Deus?
Com essa mente condicionada no amanhã, nunca. Traga a sua mente no aqui e agora, e você encontra Deus, nesse exato momento.

Onde você está? Esteja lembrando-se de si mesmo a cada instante. Eu vou sugerir uma prática bem simples para o seu dia a dia: no começo se habitue e depois se tornará natural. Habitue-se a perguntar: Onde estou? O que estou fazendo? Mas, de forma consciente. Permita-se parar por alguns segundos, absolutamente tudo o que você está fazendo. No meio da ação, pare absolutamente tudo e pergunte-se: quem está fazendo?

Assim você interrompe a sua imaginação e volta para o seu corpo, para a presença, para a totalidade na ação. Esse é o caminho.

Abençoado seja cada um de vocês. Estejamos abertos para a possibilidade de nos encontrarmos com Deus nesse exato momento."


Prem Baba em Auto-investigação

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