domingo, 27 de dezembro de 2015

O Cristo Universal

O Cristo Universal não é representado apenas pela figura histórica que chamamos de Jesus, já que muitos de nós o compreendem como a suprema expressão da totalidade — do Deus manifesto. O Cristo Universal não está confinado a nenhuma religião. Ao contrário, deve ser compreendido como o potencial máximo que existe em todos os seres. Mas ele só desabrocha naquele que possui completa autocompreensão.


Os Grandes Mestres, aqueles seres que compreendem a si mesmos e que vivem como manifestações do Cristo Universal, apareceram em muitas tradições diferentes em toda a História. Eles demonstraram, na totalidade de seu ser e de seus ensinamentos o caminho para unir o humano ao divino. Este potencial está presente em todo ser. O Cristo Universal é o instrumento através do qual retomamos a conexão com a Fonte primeira. É a graça salvadora que nos liberta da ignorância e da escravidão na roda do renascimento. É a Luz do mundo, que transforma chumbo em ouro através da alquimia do amor puro.


O mistério do Cristo Universal certamente vai além da compreensão humana. Mas, como essa energia cósmica desce até as questões humanas, o exemplo do Cristo é derramado dentro dos recipientes místicos de todas as culturas. Formando a base dos costumes e a história de vários povos, utilizando os materiais culturais disponíveis, a História Única da jornada da alma em direção à união com a Fonte original foi contada através das eras.


Todas as vezes e em todos os lugares em que a escuridão parece cegar as pessoas, sempre que o propósito da existência humana se perde no seu próprio atoleiro, um grande ser iluminado chega mais uma vez para trazer a verdade. Algumas lendas dizem que esses seres vêm do céu como um ato de graça. Outras entendem sua irradiação como o desabrochar do que há de melhor na nossa espécie. Mas, seja qual for o modo como chegam, eles vêm quando são necessários e nos instruem de acordo com o nosso nível de entendimento na época, deixando-nos um legado de ensinamentos que continua a impulsionar a nossa evolução. Tecida nos fatos reais da vida humana de um grande mestre, há uma história que transcende a vida de toda pessoa, pois ela faz parte do modelo do Cristo Universal.


A universalidade dessa História Singular pode ser um desafio a enfrentar quando se foi educado para acreditar que as verdades da própria religião excluem todas as outras. Mas este é um dos dons de nossa época: o acesso à instrução formal e às comunicações globais que nos permitem pesquisar e compartilhar das muitas variações da história em todo o globo terrestre. Seria uma grande perda desprezar uma história porque descobrimos que ela tem contrapartes em diferentes culturas. A força e a verdade dessas muitas histórias do Cristo Universal residem em sua universalidade, não em sua exclusividade. Continuamos contando-as, geração após geração, de cultura para cultura, porque algo em nós ressoa profundamente com as suas verdades acerca de nossa natureza e do modo como podemos reconciliar o humano com o Divino. Por meio delas, encontramos orientação ao confrontar nossas sombras e ao enfrentar as provas e tentações, os perigos e os sacrifícios, ao viver a consciência do Cristo. Não retornamos à totalidade através desta ou daquela religião; retornamos através do Cristo Universal. Os Mistérios ensinavam aos iniciados que nós, primeiramente, entramos no caminho, depois seguimos o caminho e, por fim, nos tornamos o caminho. No Apocalipse está escrito: "Para aquele que supera [domina], construirei um pilar [uma força cósmica] no templo de Deus, e ele não sairá [não encarnará] nunca mais."
Enquanto vivermos representando a história de Adão e Eva, continuaremos a morrer muitas e muitas vezes. Mas quando vivemos o Cristo dentro de nós, o Buda dentro de nós, quando recebemos a infusão do Espírito Santo, então, como dizia Krishna, somos salvos da "eterna roda da morte e do renascimento". E, como disse Jesus, ganhamos "a vida eterna". Esse é o caminho da iniciação.

Um comentário:

  1. Adorei o artigo. Penso que essa deveria ser a base de toda filosofia universal, enquanto humanos, unidos na mesma crença - esta, de não haver "crenças" paralelas que ao invés de unir, separam todos.

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