"Disse Jesus:
na mesma casa,
dirão a uma montanha: "afasta-te"
e ela afastar-se-á"
( Logion 48 - Evangelho de Tomé )
"Eis o poder da paz, da unidade!
Que se pode fazer contra um homem tranquilo, unificado?
Que se pode fazer contra duas ou três pessoas bem harmonizadas?
As montanhas, as dificuldades, afastam-se. É como se tivessem o apoio de toda Natureza, do Uno que se manifesta em sua harmonia.
Antes de desejar levar a paz para a casa dos outros, é necessário começar em sua "casa", fazer a paz com as partes "inimigas" de si mesmo, seja o instinto, a emoção ou o intelecto. Enquanto houver divisão em nós mesmos, não será que os obstáculos que encontramos são a expressão de nosso próprio caos?
"Encontra a paz interior, dizia São Serafim de Sarov, e uma multidão será salva ao teu lado". Um homem tranquilo, um homem feliz é fonte de paz e de felicidade para toda a humanidade. O que não fariam dois ou três?
Para Clemente de Alexandria, "transportar" montanhas significa nivelar as desigualdades entre os homens, tornar possível o encontro. A Paz permite que a Unidade de todos os seres se manifeste no momento em que o temos ou a cobiça erguem montanhas entre eles... (...)
A "fé é que transporta montanhas". Ora o que é a fé senão a Unidade da inteligência com o coração? A paz realizada entre esses "dois" que, muitas vezes, se opõem na mesma casa: o discernimento e a afetividade?
A fé é indissociavelmente, um movimento da inteligência para a Verdade e um ato de confiança. A fé é aderir com todo o seu ser ao que é reconhecido como verdadeiro e justo. Essa adesão íntima e total implica uma grande potência assim como uma grande lucidez: " Vai além da razão, mas não contra a razão". E o que tinha a aparência de montanha revela-se à luz dessa força clarividente e viva como um simples ninho de toupeira."
Jean-Yves Leloup em O Evangelho de Tomé
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