domingo, 27 de setembro de 2015

A Mão


Tudo passa e se transmite pelas mãos e, em tudo o que tocais, deixais sinais que só vós podeis imprimir.
O facto de se poder descobrir a identidade de uma pessoa através das impressões digitais e de não existirem na humanidade inteira duas impressões idênticas prova bem que a mão é capaz de exprimir o carácter único de um ser.
Tudo aquilo que passa pelas vossas mãos, os vossos fluidos, as vossas emanações, contém a quinta-essência do vosso ser.
Um verdadeiro médium, um verdadeiro clarividente, pode, a partir de um objecto em que vós tocastes, conhecer as vossas qualidades, os vossos defeitos, o vosso estado de saúde e os acontecimentos da vossa vida actual e da vossa vida passada.
Vós deixais, pois, impressões em todos os objectos em que tocais.
Quando ofereceis um objecto a alguém, com esse objecto estais a dar algo de vós mesmos e, se não viverdes convenientemente, ele transmitirá as ondas negativas que lá introduzistes.
Mesmo que esse presente seja um objecto magnífico e muito caro, não fará qualquer bem a quem o ofereceis, pois não basta desejar dar prazer a alguém para lhe fazer bem. Para fazer o bem é necessário que não só o coração, mas também o intelecto e o corpo físico, através das suas emanações puras e luminosas, realizem esse bem. De outro modo, ofereceis algo que será um pouco bom mas que estará envolto em miasmas.
As nossas mãos são como antenas que têm a possibilidade de atrair e receber as correntes de energia do oceano cósmico em que estamos mergulhados. E se captamos tão fracamente estas correntes é porque a nossa consciência está ausente ou adormecida.
Os magos são aqueles que sabem utilizar as suas mãos para receber forças ou para as projectar, para as reter ou as orientar, para as ampliar ou as diminuir.
Está escrito no Antigo Testamento que, quando Moisés erguia a mão durante as batalhas, o seu povo obtinha a vitória.
Moisés conhecia os poderes da mão; ele projectava forças e atraía entidades que vinham em auxílio dos guerreiros; e quando a batalha se prolongava e ele começava a estar cansado, vinham homens suster-lhe o braço.
Se é possível utilizar o poder da mão para as hostilidades, porque não se há-de utilizá-lo para criar o amor e a harmonia?
Quando virdes seres a massacrar-se uns aos outros, erguei a vossa mão e eles largarão as armas para se abraçar. Não quererão continuar a lutar, pois receberão as ondas benéficas que vós lhes enviais.
Aquele que sabe como estender a mão para receber forças e projectá-las sobre ele próprio e sobre os outros para equilibrar, limpar, curar, animar, torna-se um filho de Deus.

A importância da mão evidencia-se particularmente na vida quotidiana porque ela serve de meio de comunicação entre os seres.
O que fazem as pessoas quando se encontram ou se despedem?
Erguem o braço para enviar uma saudação ou então apertam as mãos.
É por isso que é necessário estar particularmente vigilante em relação ao que se dá com a mão.
As pessoas saúdam-se para fazer bem umas às outras, para dar mutuamente algo.
Aquele que não sabe dar nada mostra quão pobre e miserável é.
Evidentemente, para muitos um aperto de mão ou uma saudação com a mão são apenas sinais convencionais e, sendo assim, mais vale que se abstenham de os fazer.
Se as pessoas se saudarem maquinalmente permanecendo distantes, fachadas, é inútil fazerem-no. Mas para aqueles que têm a consciência desperta é um gesto extraordinariamente significativo e actuante, pelo qual podem encorajar, consolar e vivificar as criaturas e dar-lhes muito amor.
Uma saudação tem de ser uma verdadeira comunhão, tem de ser poderosa, harmoniosa, viva.

Mas a mão não é apenas um meio de entrar em relação com os seres humanos, é-o também para entrar em relação com a Natureza.
Quando um verdadeiro mago abre a sua porta, pela manhã, saúda toda a Natureza, as árvores, o céu, o sol... Ergue a mão e diz bom dia, ao dia e a toda a Criação.
Perguntareis para que é que isso serve...
Pois bem, fica-se imediatamente ligado à fonte da vida.
Sim, porque a Natureza responde-vos.
Quando me aproximo de um lago, de uma montanha, de uma floresta, saúdo-os e falo-lhes.
E quantas vezes, pela manhã, quando saio para o meu jardim, saúdo toda a Natureza e os anjos dos quatro elementos - os anjos do ar, da terra, da água e do fogo - e até os gnomos, as ondinas, os silfos, as salamandras. Então, é vê-los cantando, dançando, muito contentes. E às árvores, às pedras, ao vento, digo também:«Olá! Olá!»
Experimentai, fazei isso vós também, e sentireis que interiormente algo se equilibra, se harmoniza, e muitas obscuridades e incompreensões abandonar-vos-ão apenas porque decidistes saudar a Natureza viva e as criaturas que nela habitam.
No dia em que souberdes manter ligações vivas com toda a Natureza sentireis a verdadeira vida penetrar em vós.

A mão é um instrumento mágico.
Tudo o que os humanos fazem de momento com ela não é nada em comparação com o que poderiam fazer.
Foi através das mãos que o homem adquiriu tudo o que possui e todo o seu futuro está ainda nas suas mãos.
A mão é um ser vivo, tem o seu cérebro, o seu sistema nervoso, o seu estômago. Do mesmo modo que o Universo se reflecte nos diversos órgãos do nosso corpo, os órgãos do nosso corpo reflectem-se na nossa mão.
A mão tem, em relação ao nosso corpo, exatamente as mesmas relações que este tem com o Universo.

OMRAAM MIKHAËL AÏVANHOV

em "O livro da magia divina"

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